Digitalização do enoturismo Italiano
Antes do lockdown falar em digitalização para as vinícolas italianas era como ter inventado uma nova religião e buscar seguidores. Até soava como algo inovador, intrigante, mas também relativamente distante da realidade ou mesmo da necessidade desse mercado altamente arraigado em tradições familiares e territoriais.
A mudança de comportamento das vinícolas começou a ser sentida por mim durante o lockdown. Várias vinícolas começaram a sentir o peso da crise econômica que estava vindo a galope da crise sanitária. A ótica do mercado começava a se inverter e, ao invés de prospectar vinícolas para construir uma parceria rumo à digitalização como vínhamos fazendo até então, começamos a ser procurados por elas em busca de parceria para aumentar os canais de venda.
A meu ver, a Itália de uma forma geral nunca precisou se esforçar muito para atrair turistas. Eles simplesmente chegam atraídos pelas paisagens lindíssimas, pelo legado histórico cultural, pela enogastronomia e também pelo enoturismo em vinícolas. E todo o setor vitivinícola se beneficiou disso desde sempre. A Itália produz cerca de 33% de todo o vinho europeu e cerca de 20% de todo o vinho do mundo. A Itália inteira é um wine country.
A falta de digitalização e preparação para lidar com as novas gerações a partir dos millennials é só a ponta do iceberg. Desde a grande crise de 2008 as fraquezas do mercado turístico italiano tem sido evidenciadas como capacidade hoteleira altamente fragmentada, necessidade de ampliação e modernização das estruturas de recepção e hospedagem, falta de profissionalização no recebimento de turistas nas vinícolas etc.
Nos últimos 20 anos a Itália vem caindo no ranking de destinação turística no mundo. Após o fechamento das fronteiras em função das medidas sanitárias para conter a COVID19 só pode contar com o turismo doméstico europeu durante o verão. Esse cenário de escassez de turistas naturalmente leva a uma maior competição entre os provedores de serviços. É nesse cenário que as vinícolas têm nos buscado para melhorar seus processos, aumentar os canais de venda de seus serviços e melhorar sua exposição em motores de busca e redes sociais.
Penso que essa facilidade em ter turistas foi um fator determinante para que as vinícolas parassem no tempo e não sentissem a necessidade de evoluir tecnologicamente. Grande parte delas gerencia suas redes sociais de forma amadora e até rudimentar, não possuem um website atualizado e otimizado, não vendem seus vinhos online diretamente ao cliente final e, o mais importante, não estão associadas a nenhum serviço de booking online para experiências de visita e degustação na vinícola.
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